Penas Para Chapéus

Das minhas memórias de infância faz parte um chapeleiro, não como o da Alice, mas igualmente marcante.
Nunca o conheci, quando nasci já tinha morrido, mas toda a minha vida ouvi histórias deste chapeleiro lisboeta. E que histórias! Histórias que me povoavam e povoam a mente.
Em criança a história que mais gostava de ouvir era a dos barquinhos. Então o meu bom chapeleiro, que começou a trabalhar enquanto criança para outro chapeleiro com quem aprendeu o ofício, com 9 ou 10 anos (por volta de 1880) ia entregar as encomendas de chapéus a casa dos clientes. Como criança que era, de cada vez que passava pelo Rossio olhava as fontes e muitas vezes não resistia a usar as caixas dos chapéus como barquinhos. Ali ficava distraidamente com a sua frota até que se lembrava do que tinha de fazer e corria Rossio fora a caminho das entregas com as caixas ensopadas. Claro que foi descoberto, porque os clientes fizeram queixa, e castigado.
De cada vez que passo pelo Rossio não consigo deixar de sorrir ao olhar as fontes e imaginar a frota de caixas de chapéus, daquele miúdo traquina, a navegar .
Na casa dos meus pais encontrei alguns velhos chapéus, materiais e penas da sua chapelaria. Achei as penas tão bonitas que resolvi trazê-las de novo à vida e às vistas, colocando-as numa moldura. 





Comentários

  1. acho que o outono tambem deve afectar as aves... ca por casa o rapazola apanha penas de gaivota e paus na praia e folhas pelas ruas! depois ha mil coisas giras para faer com elas... mas nao fazemos chapeus... por enquanto!
    beijinhos da costa alentejana!

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